Dessa arte de tradição,
Que chegou ao nosso chão,
Pra eternizar memória,
Com versos de ampla glória,
Na cultura e na canção.
Lá das terras de Portugal,
Com os mestres trovadores,
Trouxeram versos e amores,
Numa cantiga oral,
Histórias de todo o mal,
E de heróis, nossos senhores.
Nas cordas eram pendurados,
Papéis com versos rimados,
No comércio expostos, dados,
Pra povo analfabeto então,
Eram a grande lição,
Dos tempos que foram contados.
Pelos mares foi cruzar,
Esse verso de raiz,
Do Portugal ao país,
Que no Norte foi brotar,
Com Nordeste a se firmar,
Em terras desse imenso Brasis.
Repentistas a entoar,
Com violas na mão,
Versos puros de emoção,
Nas feiras pra encantar,
Toda gente a escutar,
Essa bela tradição.
Os poetas de bancada,
Com suas próprias mãos faziam,
E os cordéis distribuíam,
Nas feiras, nas madrugadas,
Era arte improvisada,
E o povo ali sorria.
Assim o folclore crescia,
Com heróis e valentia,
A cultura renascia,
Em versos de encantamento,
Registrando o sentimento,
Do povo em sabedoria.
Leandro Gomes, pioneiro,
De Barros o grande nome,
Que o cordel fez ser renome,
Com humor, saber certeiro,
Deu a arte o verdadeiro
Lugar nobre, sem renome.
Ariano Suassuna, então,
Inspirou-se nos cordéis,
Criou histórias fiéis,
A tradição do sertão,
Fez do Auto a encarnação,
Das lendas e dos papéis.
O cordel é resistência,
Do folclore é guardião,
Da cultura, uma lição,
Das raízes a essência,
Nos tempos, faz permanência,
E a história em projeção.
Hoje é marca registrada,
Dessa terra tão amada,
Pelos poetas cantada,
Do Nordeste ao sertão,
O cordel é tradição,
Em cada verso encenada.
Com xilogravura em mão,
Cenário e figuração,
A história ganha ação,
Nas páginas a se esparramar,
É o povo a se expressar,
Com arte e muita paixão.
E assim segue o cordel,
No tempo a resistir,
Faz o Brasil sorrir,
É história a céu e papel,
Que desce feito um véu,
Pra nunca se extinguir.
Cordel é saber do povo,
É raiz que se renova,
Tradição que a todos prova,
Ser um canto bem mais novo,
É poesia em tom roxo,
Que no Brasil sempre inova.
Nos rincões se faz ouvir,
A palavra a ecoar,
Em cada esquina a tocar,
Quem vive e quer persistir,
Quem deseja descobrir,
A alma do nosso lar.
Que siga então, o cordel,
Nos ventos do Nordeste,
É cultura que reveste,
Do chão até o céu,
Espalha o sabor de mel,
No verso, ao Norte, investe.
E que nasça cada dia,
Mais versos a rimar,
Pra o povo a se alegrar,
Com beleza e poesia,
Cordel é sabedoria,
Que veio pra não parar.
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