O reino dos céus é assim,
Como um homem a viajar.
Antes de deixar sua terra,
Seus servos veio chamar.
Deu-lhes os bens em medida,
E cada qual foi trabalhar.
A um, deu cinco talentos,
Ao outro, dois a contar.
E ao terceiro, um somente,
Conforme o que podia dar.
Partiu o senhor distante,
Esperando o retornar.
O que tinha cinco talentos,
Com zelo logo empreendeu.
Negociou com sabedoria,
E outros cinco recebeu.
Dobrou o que lhe foi dado,
Pois diligente ele o fez.
O segundo, com seus dois,
Também foi a trabalhar.
Com esforço e com cuidado,
Conseguiu mais dois juntar.
O que lhe foi dado cresceu,
Pois soube multiplicar.
Mas o que tinha um talento,
Com medo de arriscar,
Foi e cavou na terra,
O dinheiro a enterrar.
Escondeu o que ganhara,
Sem nada a acrescentar.
Passado muito tempo,
O senhor retornou afinal.
Chamou os seus servos todos,
Para o ajuste final.
O que tinha cinco talentos
Com alegria foi ao portal.
"Senhor, cinco me deste,
E aqui cinco mais estão.
Negociei com empenho,
E dobrei a proporção."
O senhor o olhou contente,
Com grande satisfação.
"Bem está, servo fiel,
No pouco foste capaz,
Agora muito terás,
E alegria terás mais.
Entra no gozo eterno,
Onde o júbilo se faz."
O que tinha dois talentos,
Também se aproximou.
Disse: "Senhor, com os dois
Eu outros dois granjeei.
Trabalhei com zelo firme,
E tua confiança honrei."
O senhor lhe disse então:
"Bem está, servo fiel.
No pouco foste fiel,
Agora te darei o céu.
Entra no meu descanso,
Onde reina o amor ao léu."
Mas o que tinha um talento,
Chegou com temor, dizendo:
"Senhor, eu te conhecia,
Sei que és homem exigente.
Colhes onde não semeaste,
E ajuntas onde és ausente.
Por isso tive medo,
E na terra escondi.
Aqui tens o que me deste,
Nada mais acrescentei.
Guardei teu bem intacto,
E agora o devolvi."
O senhor lhe respondeu
Com tristeza e firme ação:
"Servo mau e negligente,
Com medo teu coração.
Sabias que sou exigente,
Mas foste sem decisão.
Devias ter posto ao banco
O talento que te dei,
Para que, ao voltar,
Com juros eu o tirasse,
E não viesse me encontrar
Com o que só enterraste."
Ordenou, então, de pronto:
"Tirai-lhe o talento, já!
Dai-o àquele que tem dez,
Pois soube multiplicar.
Quem tem muito, mais terá,
Quem não tem, perderá."
E o servo inútil foi
Para as trevas sem retorno.
Onde há choro e desespero,
Onde o frio é sem adorno.
Pois quem não faz o que deve
Perde o prêmio no contorno.
A lição que aqui se vê,
Nos ensina a valorizar
Os dons que Deus nos entrega,
Que devemos trabalhar.
Pois no reino do Senhor
Há de quem multiplicar.
Cada talento é uma graça,
Cada dom, uma missão.
Quem recebe deve usar,
Com esforço e dedicação.
E ao voltar o bom Senhor,
Receberá sua porção.
Não importa o quanto tens,
Mas o que com isso faz.
Se no pouco és fiel,
Muito o Senhor te dará mais.
Mas se guardas com temor,
Perderás o que é capaz.
Vigiai, pois, o que tens,
E multiplica com ardor.
Seja talento ou dom,
Usa-o para o Senhor.
Pois no dia do retorno,
Receberás Seu louvor.
E quem enterra o talento,
Com medo ou indecisão,
Haverá de perder tudo,
Ficará sem a porção.
Pois Deus espera ação,
E não apenas a intenção.
Essa parábola nos fala
Do que é o reino de Deus.
Onde os servos são chamados
A trabalhar os bens seus.
Multiplicando com fé,
Até os céus serem teus.