por: Ivaldo Fernandes
No sertão lá de Garanhuns,
No ano de quarenta e cinco,
Nasceu Luiz Inácio,
De história que eu não brinco.
Filho de dona Eurídice
E do seu Aristides, o distinto.
O sétimo entre os irmãos,
Numa família numerosa,
Cresceu em terras secas,
De vida dura e dolorosa.
Mas desde cedo mostrei
Uma força poderosa.
Em cinquenta e dois, a mudança
Foi algo impressionante,
A família partiu pra São Paulo
Num pau de arara, marcante.
Treze dias de viagem,
Era o destino mais distante.
Chegaram em Guarujá,
Em Vicente de Carvalho ficaram,
Bairro pobre e esquecido,
Onde as esperanças mirraram.
Mas foi ali que Lula,
Seus primeiros passos traçaram.
Alfabetizado foi
Na escola Marcílio Dias,
Mas o trabalho cedo veio,
Pois eram duras as vias.
Aos doze já trabalhados,
Em tinturaria, sem alegrias.
Foi engraxado e office-boy,
Ganhando a vida como podia,
Ajudava sua família,
Em qualquer luta, se envolvia.
O destino lhe reservava
Uma grande travessia.
Aos catorze, em armazéns,
Trabalhou com documento,
Foi sua carteira assinada,
Primeira conquista, no momento.
Mas o futuro esperado
Um ofício de talento.
Num curso de torneiro,
No Senai ele ingressou,
Três anos de estudo duro,
E metalúrgico se formou.
A vida na fábrica o moldou,
E ao sindicalismo o levou.
A crise militar chegou,
E com ela a incerteza,
Lula mudou de emprego,
Mas nunca perdeu a firmeza.
Foi nas Indústrias Villares
Que encontrou a fortaleza.
Seu irmão, Frei Chico, então,
O conde ao sindical,
Foi ali que Lula viu
Que a luta poderia ser real.
Representar os trabalhadores
Era seu sonho ideal.
Em sessenta e nove, eleito,
Suplente no sindicato,
Em setenta e dois, avançou,
Primeiro-secretário no ato.
E em setenta e cinco, o auge,
Presidente, em grande retrato.
Cem mil operários lutando,
Sob sua voz e comando,
Lula liderou as greves,
O país ia se transformando.
E no ABC paulista,
O poder ia ampliando.
Reeleito em setenta e oito,
O metalúrgico virou líder,
E após uma década sem greve,
O movimento fez revisar.
Cento e setenta mil pararam,
Foi um ato de grande lide.
A repressão veio dura,
Com polícia e intervenção,
Mas Lula não recuava,
Seguia firme na missão.
Foi preso por sua luta,
mas não perdeu a razão.
Trinta e um dias atrás das notas,
Pelo governo detido,
Mas sua voz ecoava,
E o povo estava unido.
Foi aí que ele pensou:
O Partido dos Trabalhadores é nascido.
Em oitenta, fundou o PT,
Junto a sindicalistas e intelectuais,
Um partido para o povo,
De princípios sociais.
E com o apoio das massas,
Lutou contra os generais.
Em São Paulo se candidatou,
Mas a eleição não venceu,
Porém, a luta continuou,
E de novo ele cresceu.
A CUT foi fundada,
E a história resplandeceu.
Nas Diretas Já, ele estava,
Entre os líderes principais,
Lutando pelo voto direto,
Nos tempos tão cruciais.
O Brasil pedia mudança,
E Lula era um dos tais.
Em oitenta e seis, deputado,
O mais votado, de fato,
Na Constituinte ele brilhou,
Num importante mandato.
Sua voz era ouvida,
Lutando por cada trato.
Em oitenta e nove, o sonho,
De presidente concorrente,
Foi ao segundo turno,
Mas não conseguiu vencer.
Collor levou a vitória,
mas não por muito ia deter.
Lula venceu na luta,
Contra a corrupção,
E com a força do povo,
Fez o impeachment ser ação.
Collor caiu, e Lula cresceu
Na voz de toda a nação.
Em noventa e quatro, tentado,
Presidente novamente,
Mas FHC o venceu,
Em dois mandatos, oponente.
Porém, a persistência de Lula
era algo impressionante.
Foi então que em dois mil e dois,
A história virou,
Lula foi eleito presidente,
Com o Brasil aclamou.
Mais de cinquenta milhões,
Seu nome brilhou e chamou a atenção.
No primeiro mandato,
O Brasil prosperou,
Com crescimento econômico,
E o povo melhorou.
A desigualdade foi diminuta,
e a renda se valorizou.
O Bolsa Família, um marco,
Levou rompimento e sustento,
Milhões saíram da miséria,
Foi um governo atento.
E a classe média ascendente,
com progresso e incremento.
Em dois mil e seis, reeleito,
A vitória foi maior,
Cinquenta e oito milhões,
Num resultado de valor.
Lula consolidou seu nome,
como líder e defensor.
Mas a história de Lula
Não parou por ali,
Seus anos seguintes
Trouxeram desafio a si.
Acusações e condenações,
Que o levaram a cair.
Em dois mil e dezoito, a prisão,
Foi um golpe amargo,
Doze anos de pena,
Mas o povo estava ao longo.
Lula resistiu com força,
mesmo diante do embargo.
Cinquenta e oito dias preso,
Lutou pela liberdade,
E quando saiu da cela,
Foi recebido com saudade.
O povo ainda o amava,
mesmo diante da adversidade.
O Supremo anulou processos,
E Lula pode retornar,
Seu nome novamente
Nas urnas iriam brilhar.
A luta continuava,
E o futuro ia mudar.
Hoje, a história de Lula
É de um líder popular,
Amado por milhões,
Com quem sempre foi lutar.
Do sertão ao poder,
Sua jornada foi de brilhar.
De Garanhuns ao Planalto,
Sua história é conhecida,
Um homem de origem humilde,
Que venceu a dura lida.
Lula é símbolo de esperança,
De uma nação que busca vida.