por: Ivaldo Fernandes
Em noventa o Brasil foi,
Para a Copa disputar,
A Itália nos esperava,
Com seu solo a vibrar,
O sonho do tetracampeão,
Nos fazia acreditar.
Lazaroni no comando,
Buscava a consagração,
Montou um time defensivo,
Na base da contenção,
O talento foi esquecido,
Em troca da proteção.
O esquema era cauteloso,
Com três zagueiros a jogar,
Mauro Galvão e Ricardo,
Jorginho a completar,
Mas faltava aquela arte,
Que faz a bola brilhar.
Na meta estava Taffarel,
Um goleiro promissor,
Que em campo segurava,
Com confiança e vigor,
Mas o time não mostrava,
O brilho do jogador.
No meio tinha Dunga,
Liderando com firmeza,
Só que o futebol sofria,
Faltava aquela leveza,
Que o Brasil sempre trazia,
Com sua natural destreza.
Muller e Careca à frente,
Buscavam o gol marcar,
Romário, nosso artilheiro,
Não pôde nos ajudar,
Lesionado ficou fora,
E o ataque a vacilar.
A estreia foi contra a Suécia,
E o Brasil soube vencer,
Com Careca fazendo dois,
Começou a surpreender,
Mas o estilo defensivo,
Fez o brilho se perder.
Contra a Costa Rica então,
Outra vitória surgiu,
Mas o futebol jogado,
Pouco ao povo seduziu,
Ganhamos sem encantamento,
A arte se diluiu.
Na terceira, veio a Escócia,
E o Brasil seguiu a lutar,
Nova vitória chegou,
E a fase fácil de passar,
Mas o jogo truncado,
Não fez o povo vibrar.
Classificados enfim,
Fomos pras oitavas jogar,
Enfrentaríamos a Argentina,
Com Maradona a brilhar,
Um duelo de gigantes,
Que o destino ia traçar.
No estádio em Turim,
O Brasil foi pra batalha,
Mas o jogo foi sofrido,
A arte ficou na mortalha,
E Maradona, em um lance,
Fez a defesa falha.
Caniggia, o argentino,
Recebeu o passe preciso,
E diante de Taffarel,
Fez o gol decisivo,
Eliminou o Brasil,
Num resultado incisivo.
O Brasil voltou pra casa,
Com a dor no coração,
Aquele time não trouxe,
A tão sonhada consagração,
O futebol sem brilho,
Ficou na decepção.
Lazaroni foi criticado,
Por sua estratégia fria,
Faltou a magia do drible,
Que o Brasil sempre traria,
A Copa de noventa então,
Foi marcada pela agonia.
Careca foi o artilheiro,
Mas o ataque não fluiu,
Faltou aquela leveza,
Que o povo já sentiu,
Aquele time em campo,
Pouco brilhou e sorriu.
E Dunga foi o símbolo,
Da Copa da contenção,
A seleção jogou duro,
Mas sem inspiração,
A garra foi destacada,
Mas faltou a emoção.
O futebol arte ficou,
Esquecido nessa vez,
O Brasil parecia preso,
No esquema de xadrez,
E o sonho do tetra,
Teve sua última vez.
Na Itália a Copa seguiu,
Mas o Brasil já não mais,
E o povo brasileiro,
Viu a taça ficar atrás,
Com o coração partido,
E os olhos cheios de ais.
Mas o futebol é ciclo,
E o Brasil ia voltar,
Aprenderia com a queda,
Pra depois se levantar,
Pois a glória é construída,
Nas quedas ao recomeçar.
A Copa de noventa trouxe,
Lições para o futuro,
Que o Brasil precisa sempre,
Jogar livre, sem muro,
Que a defesa é importante,
Mas o ataque é mais seguro.
O time voltou pra casa,
Com a dor da eliminação,
Mas o povo ainda sonhava,
Com a próxima missão,
Pois a camisa canarinho,
Trazia esperança e paixão.
O Brasil de noventa foi,
Um time a ser lembrado,
Pela garra em campo posta,
Mas com o brilho apagado,
Faltou aquele futebol,
Que o povo tem consagrado.
E mesmo sem a vitória,
A história continuou,
Pois o Brasil, em cada Copa,
Seu caminho sempre trilhou,
E em noventa e quatro,
O destino se renovou.
A Copa de noventa então,
Foi uma página virada,
Deixou lições e memórias,
De uma luta mal travada,
Mas o Brasil seguiria,
Com a cabeça levantada.
A Itália nos viu cair,
Mas sabia que o Brasil,
Voltaria mais forte,
Com seu futebol sutil,
Porque aqui, nessa terra,
A bola rola a mil.
E assim, a seleção,
Que em noventa não brilhou,
Se preparou pro futuro,
E de novo renasceu,
Pois no Brasil, o futebol,
É sempre um sonho que cresceu.
E o povo segue em frente,
Com seu amor pelo jogo,
Pois a camisa verde e amarela,
É mais que um simples rogo,
É a essência de uma nação,
Que no futebol tem seu fogo.
Na Copa de noventa,
Ficou a lição final,
Que o Brasil precisa jogar,
Com sua alma natural,
Pois a arte é o caminho,
Para ser sempre imortal.