O HOMEM QUE PERDEU A ROLA

revista O HOMEM QUE PERDEU A ROLA
Cordel de Dalinha Catunda

Ao Tuca pedi licença,
Pra sua história contar.
É fato não brincadeira
O que tenho pra narrar.
Esta tragédia, amigos,
Foi um drama de amargar.
Este caso sucedeu 
Em meu querido lugar
E fez a minha Ipueiras
De tristeza até chorar.
A cidade combalida
Nunca viu tanto pesar.
Todos conhecem o Tuca,
Nem precisa apresentar.
É dono dum restaurante.
Bom e muito popular.
Comerciante querido,
A todos quer agradar.
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Tuca era muito feliz,
Com os filhos e a mulher.
Também tinha sua rola,
Que não era uma qualquer,
Não largava sua pomba
Um instantinho sequer.
Não sei se foi mau olhado,
Se foi praga ou coisa assim.
Só sei que sua alegria.
De repente teve fim.
O homem perdeu a rola,
Meu Deus que coisa ruim!
Ipueiras chorou tanto,
Foi bem grande a comoção.
Pois não era uma rolinha,
Na verdade era um rolão.
E muita gente importante,
Já tinha passado a mão.
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Pobre mulher, soluçava...
Abraçada a seu marido.
Ele só se lamentava
Por a rola ter perdido.
Tudo se tornou tristeza,
Depois deste acontecido.
Ao chegar o fim da tarde
Na hora da ave Maria,
Tuca pegava sua rola
Com jeitinho recolhia,
E agradecia aos céus.
A rola que possuía.
A sua querida esposa,
Entrou numa depressão
Seu robe, sua alegria
Era a rola em sua mão.
Ela chora de saudades
Pela rola do patrão.
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Tuca perdeu a alegria
Perdeu a satisfação.
Vivia coçando a rola
Por debaixo do balcão
Sem rola e sem alegria
É bem grande a aflição.
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Os amigos afagavam
Aquela rola singela
E Tuca sempre exibia
Pondo a rola na janela.
Era uma boa atração
E todos gostavam dela.
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Que muita gente chorou
É a mais pura verdade,
Homem que fica sem rola
É digno de piedade.
Tem uma vida vazia
E perde a felicidade.
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A história dessa rola,
Ainda não acabou.
Não estou de sacanagem,
E lhes peço, por favor.
A rola é um passarinho,
Não o que você pensou!
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O martírio dessa rola, 
Foi de cortar coração.
Um dia Tuca encontrou
A ave ferida no chão.
E tratou do passarinho,
Que virou de estimação.
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A rola vivia solta,
Bem livre naquele lar
No ombro de Tuca ela,
Gostava de passear.
Era bem interessante
Era lindo contemplar.
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Até hoje não se sabe,
Que de fato aconteceu.
Se ela foi atrás de Tuca,
No caminho se perdeu.
Ou se foi mesmo roubada
Por um infeliz ateu.
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Eu só sei que a pobre rola
Se foi e deixou saudade.
A família e os amigos
Gostavam e de verdade,
Da graciosa rolinha
Que era uma novidade.

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Tuca perdeu sua rola,
Porém ganhou um cordel.
Quem pensou em sacanagem.
Não fez bonito papel.
Eu peço desculpa ao Tuca
Se o relato foi cruel.

Cordel de Dalinha Catunda

Ivaldo Fernandes

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