Cordel Afonso Arinos

revista Cordel Afonso Arinos

Autor: Crispiniano Neto

01
Inicialmente peço
Dos Céus auxílios divinos,
A inspiração mais fértil,
Os versos mais genuínos
Para compor um poema
Da Vida de Afonso Arinos.
02
Em Belo Horizonte - Minas
Gerais, do céu cor de anil,
Nasceu dia 27
Do onze, do ano mil
E novecentos e cinco
Para a honra do Brasil.
03
Seu currículo vale mais
Que cheque de qualquer banco.
Afrânio e Sílvia: seus pais,
Nomes que não deixo em branco.
Seu nome completo: Afonso
Arinos de Melo Franco.
04
Neto de Cesário Alvim,
Um destaque da nação;
Sobrinho de Afonso Arinos,
Autor de "Pelo Sertão",
De Virgílio Alvim de Melo
Era exatamente irmão.
05
Para não viver sozinho
Pensou numa companheira.
Ao encontrá-la aceitou
Como esposa verdadeira
Dona Ana Guilhermina
Rodrigues Alves Pereira
06
Mulher de família ilustre
De certa forma influente
Da história da política,
Um ramal sobrevivente.
Neta de Rodrigues Alves
Do Brasil, ex-presidente.
07
Fez formação humanística
No colégio Anglo-mineiro.
E no Dom Pedro II,
Já no Rio de Janeiro
Engrandecendo o currículo
Desse ilustre brasileiro.
08
Ao se transferir pra o Rio
Nos estudos se esmera
Escreve literatura
E sua paixão reitera
Colabora com a revista
"Estudantil Primavera".
09
Teve a força de vontade
Como principal critério.
Permaneceu por dez anos
Levando o estudo a sério,
Sendo exímio professor
E servindo ao magistério.
10
Se forma na Faculdade
Nacional de Direito,
Que no Rio de Janeiro
Goza de grande conceito.
Depois em Belo Horizonte
Foi promotor de respeito.
11
Formado aos vinte e dois anos
Faz do Direito um valor
Torna-se, além de jurista,
Político, historiador,
Grande crítico brasileiro,
Ensaísta e professor.
12
Para Genebra - Suíça,
Entendeu de viajar
Com o fim de seus estudos
Ali aperfeiçoar
Voltando ao Rio de Janeiro,
Passou a lecionar.
13
Professor no exterior
Em mais de uma disciplina,
Ministrou curso de História
Em Paris, cidade fina,
Montevidéu-Uruguai
E na capital argentina.
14
Em pleno Mil novecentos
E quarenta e seis, ingressa
No Instituto Rio Branco
Que um bom momento atravessa
Como professor de História
A sua história começa.
15
Foi catedrático em Direito,
Cito: Constitucional,
Ante as Universidades
Federal e Estadual
Ambas no Rio do Janeiro
Onde foi gênio imortal.
16
No ano quarenta e sete
Quarenta dois anos faz.
Em prol da democracia
Começa em Minas Gerais
Sua carreira política
Vitoriosa demais.
17
Contra a discriminação
Criou a base legal,
Foi por três legislaturas
Deputado federal
E líder da União
Democrática Nacional.
18
O preconceito de cor
Que tanto humilha e oprime
A partir de sua lei
É considerado crime.
A dignidade negra
Sua mão sábia redime!!!
19
No partido do governo
Trabalhou em união
Depois passou a ser líder
De um bloco de oposição
Ao governo JK,
Presidente da nação.
20
Dois fatos principalmente
Que até hoje são lembrados
Marcaram sua presença
Na Câmara dos Deputados
E graças a ele foram
Os projetos aprovados.
21
Como foi citada a lei
Contra a discriminação
Racial, que àquela época
Já provocava exclusão
Hoje existe, mas é menos
Dado à sua aprovação.
22
A lei: Um, três, nove, zero (1.390)
De projetos genuínos
Que combatia, mormente,
Os preconceitos ferinos
Passou a ser conhecida
Como "Lei Afonso Arinos".
23
No ano cinqüenta e quatro
No dia nove de agosto
Pediu em discurso a Vargas
Que renunciasse ao posto.
Seu gosto Vargas não fez
Mas teve um grande desgosto.
24
E quinze dias depois
Dessa frase proferida
Talvez se vendo acuado
Não achando outra saída
No Palácio do Catete
Getúlio se suicida.
25
Em 58, Arinos,
Nossa figura central,
Foi eleito senador
No Distrito Federal
Que logo virou Estado,
Rio de Janeiro atual.
26
Foi Senador pelo Rio,
O único dos Senadores
Que no governo de Jânio
Teve importantes labores
Quando foi ministro das
Relações Exteriores.
27
E até 66
Permaneceu no Senado
Durante esse tempo foi
Duas vezes afastado
Pra ser, pelo presidente,
Novamente nomeado.
28
O primeiro chanceler
Brasileiro que fez plano
E foi visitar a África
Em sessenta e um, o ano,
Pra conhecer e sentir
A dor do povo africano.
29
Chefia a Delegação
Do Brasil perante as
Nações Unidas, durante
As assembléias gerais
E com um ano depois
Volta chefiando mais.
30
Findou chefiando a
Delegação brasileira
À Conferência em Genebra
Onde, na pauta primeira
Estava o desarmamento,
Missão da nossa bandeira.
31
Nomeado presidente
Da citada Comissão
Provisória de Estudos
Para a elaboração
Do que se tornou decreto
Para a Constituição.
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Por Sarney foi convidado
Como um dos homens finos
Assume uma comissão
Pra guiar nossos destinos
Que se tornou em seguida
Comissão Afonso Arinos.
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Nunca deixou de fazer
O bem pra nossa nação
Foi dos Direitos Humanos,
Na sua declaração
O redator que fez tudo
Sem errar na redação
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Pra o Conselho Federal
Sua pessoa compete
Foi por mérito nomeado
No ano sessenta e sete
Depois em setenta e três
Essa função se repete.
35
Foi do Instituto dos
Advogados, primeiro
Um membro de qualidade
Efetivo e verdadeiro
Também do Instituto Histórico
Geográfico Brasileiro.
36
E aos 81 anos
Em completa lucidez,
É eleito senador
No ano de 86
Depois o povo mineiro
O leva ao cargo outra vez.
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Títulos: Professor Emérito,
Podemos citar primeiro,
Duas universidades
Deste país brasileiro
Da UFRJ
E a do Rio de Janeiro
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Intelectual do ano
Setenta e três, sem favores
Ganha o prêmio "Juca Pato"
Que confirma seus valores
Perante a Sociedade
Paulista de Escritores.
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Além de conquistar títulos
Famosos por mais de um fato
Conquistou três grandes prêmios
Provando ser literato:
"Luisa Cláudio de Sousa",
"Jabuti" e "Juca Pato".
40
O prêmio "Luisa Cláudio
De Sousa", ele assim ganhou
Do PEN Clube do Brasil
Isto por que publicou
"Rodrigues Alves", um livro
Que o Brasil todo comprou.
41
Vem o prêmio "Jabuti"
Mais uma satisfação
Ganho na Câmara do Livro
Mas em dupla ocasião
Dos volumes de memória,
Em sua publicação.
42
No ano 58
Toma posse da cadeira
25 que seria
Ilustrada a vida inteira
Recebido pelo grande
Poeta Manoel Bandeira.
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Na ABL depois
Seu percurso se estende
Recebe Antonio Houaiss
E a mesma homenagem rende:
Guimarães Rosa, Oscar Dias
E a Otto Lara Rezende.
44
Como Senador preside
Da forma mais natural
Duas Comissões que o tornam
Expressão nacional
C.R.E, CCJ
No Senado Federal.
45
Autor de inúmeras obras
Para aumentar sua glória
Em História e em Direito,
Em Política e em Memória,
Para citar quatro temas
Vou começar por História.
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Com destaque para estas
Publicações de beleza
Tal "O Índio Brasileiro",
A "Revolução Francesa",
"As Origens brasileiras",
Bondade da natureza.
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Em "Um Soldado do Reino
E do Império" falado;
Nesta obra ele relata
O verdadeiro legado
Com base na vida do
Herói Marechal Callado.
48
Fez a "História do Povo
Brasileiro", a mais honrosa
Com a colaboração
De uma dupla famosa
O grande Antonio Houaiss
E Francisco Assis Barbosa.
49
"Estadista da República"
Do seu pai dando o perfil
Com a "História do Banco
Do Brasil" é nota mil
E a "Síntese da História
Econômica do Brasil"
50
Compondo três obras mais
Dando o esclarecimento
Sobre as idéias políticas
Exploradas no momento
Do Brasil, homens e temas
E o desenvolvimento.
51
Afonso Arinos portava
As melhores referências
Direito, História, Política,
Pesquisas sobre ciências,
Trabalhos Parlamentares,
Discursos e Conferências.
52
Em Direito, dou destaque,
Como grandes críticos dão,
Para "As leis Complementares"
Da nossa Constituição
Fazendo comparações
Com as de outra nação.
53
Na política ele escreveu
Sobre Nacionalismo,
De problemas brasileiros
E Presidencialismo,
Sobre civilização,
Crise e Parlamentarismo.
54
Faz em Críticas e Memórias:
"Portulano" ninguém toma
Como "O Som do Outro Sino"
"Mar de Sargaços", que soma
"Planalto", "Alto-Mar Maralto"
"Escalada" e "Amor a Roma".
55
Assim foi Afonso Arinos
Um gigante do saber;
Bamba da diplomacia
Fez nosso Brasil crescer;
Foi bom na oposição
E bem melhor no poder!
56
Intelectual cheio
De particularidades
Ímpar por estilo próprio
Múltiplo nas atividades
Raro porque foram poucos
Com as suas qualidades.
57
Do que poderia ser
Não foi mais e nem foi menos
Foi um político agitado
Um sábio dos mais serenos
Gigante pisando firme
Nos mais diversos terrenos.
58
Afonso Arinos de Melo
Grande desde que nasceu;
Aprendeu para ensinar
A missão que recebeu.
Conseguiu ficar famoso
Ensinando o que aprendeu.
59
Foi um exemplo de ética,
De grandeza e compostura
Combateu corrupção,
Denunciou a tortura
Forjou a democracia,
Condenou a ditadura!
60
Suas falas pelo mundo
Foram todas gloriosas
Saiu das Minas Gerais
Para as nações poderosas
Mostrando o brilho das mentes
Dos sábios das Alterosas.
61
Ouro, ferro e diamantes
Traçaram dele, os destinos,
Foi honra dos brasileiros
Ilustração dos Arinos,
A estrela mais brilhante
Dos céus belorizontinos.
62
A arte do Aleijadinho,
A luz dos inconfidentes,
A garra dos conjurados,
O sangue de Tiradentes,
Santos Dumont e Drumonnd
São dele os antecedentes.
63
E em mil e novecentos
E noventa, esse senhor
Ganha o derradeiro pleito,
Sofre a derradeira dor
Em pleno exercício do
Mandato de Senador.
64
Guerreiro de muitas lutas,
Vencedor de toda trama,
Caiu no campo da honra,
Encantou-se em plena cama.
Partiu, mas ficou lembrado,
É como diz o ditado:
"Vai-se o homem, fica a fama".

Fundação Alexandre Gusmão

Ivaldo Fernandes

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