A Mulher Roubada - Versos de Cordel

revista de cordel A Mulher Roubada

Leitor, eis a minha história 
não sei se alguém acha boa; 
no principio verá logo 
se será história à toa, 
escrevo um caso que deu-se, 
na cidade de Lisboa.

Trata de Minerva Alheiro 
uma senhora casada, 
nascida em Panafiel, 
em Vila Rica criada, 
e na cidade do Porto, 
foi ela lá educada.

Casou-se com Paulo Alheiro 
homem também educado, 
porem vivia no mar 
aonde era empregado, 
custava a tocar em casa 
devido o viver vexado.

O Paulo com a mulher 
tinha ambos consultado 
ele trabalhar seis anos, 
e juntar o ordenado
e irem morar numa quinta 
que Minerva tinha herdado.

Minerva tinha uma áia 
que ajudou-a criar 
quando Minerva casou 
ela não quis a deixar 
Minerva também por si, 
ela não quis desprezar.

Morava em uma quinta 
quase dentro da cidade, 
a vizinhança dali,
toda lhe tinha amizade 
ela costurava muito, 
roupas daquele arrebalde

Paulo trouxera de Cuba 
um mulato alaranjado, 
e botou ele na horta. 
para lá ser empregado 
limpar a horta e plantar 
e fazer qualquer mandado.

Um dia Minerva achou 
que o mulato era atrevido 
faltou-lhe com o respeito 
por ela repreendido 
dizendo Minerva e ele 
que dava parte ao marido.

Chamava-se esse individuo 
Aureliano Mulato
por andar muito macio 
alguns chamavam-lhe Gato 
esse nome para ele 
quadrava como de fato,

Minerva um dia o mandou
a rua comprar semente 
de alface, couves e nabos
que era necessariamente 
mas recomendou a ele 
a viagem muito urgente.

Prontamente ele saiu 
tagarelando uma loa 
encontrou um estrangeiro 
dizendo: que estava à tôs. 
porque era americano 
e não conhecia Lisboa.

Pediu-lhe para levar 
a uma hospedaria
porque ele era estrangeiro 
só podia andar com guia 
e levasse em casa séria 
que depois o pagaria.

Passaram pelo portão
do dilo Paulo de Alheiro 
Minerva estava nas quintas 
plantando flor num canteiro 
o americano viu-a
estando por traz dum pinheiro.

Então exclamou consigo: 
oh! que mulher elegante 
os olhos dela parecem 
o reflexo dum brilhante. 
é impossível que haja 
criatura tão elegante!

A boca tão encarnada, 
as tranças como um retroe 
a cintura é um anel 
deve ter bonita voz 
se eu pudesse ter a dita 
de conversarmos a sós!

Ivaldo Fernandes

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